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Coaching

Dificuldades profissionais: Psicoterapia ou Coaching?

Por | Carreira profissional, Coaching, Dinâmicas disfuncionais, Psicanálise, Psicologia do Trabalho, Psicoterapia | Nenhum Comentário

 

Algumas vezes vivenciamos um conflito entre o querer vencer e o poder atuar de forma adequada para realizar um sonho ou alcançar uma meta. Às vezes até mesmo a motivação torna-se insuficiente e deixamos de acreditar em nossos objetivos. Por quê isso acontece de vez em quando?

Independente das questões externas que podem interferir no sucesso profissional, temos que considerar os aspectos relacionados ao perfil psicológico individual que  podem igualmente interferir nos bons resultados de projetos profissionais. Somos seres racionais, porém, transitamos nos espaços grupais com toda a nossa bagagem emocional e carregamos todos os problemas emocionais mal resolvidos aonde quer que estejamos. Portanto, nos deparamos com o fato inexorável de que a vida profissional está intimamente ligada à história pessoal e somos movidos nas relações de trabalho pelos mesmos mecanismos psíquicos que utilizamos em outras relações, pois estes fazem parte da estrutura psíquica que nos determina e com a qual nos reconhecemos como seres individuais únicos. O ambiente de trabalho é um campo fértil para se reproduzirem as dinâmicas disfuncionais e os conflitos de relacionamento mal resolvidos que vivenciamos há muito tempo atrás, nas raízes das dinâmicas e histórias familiares, somados aos conflitos internos subjetivos e inconscientes que se projetam e se reatualizam na vida profissional, sem que tenhamos a menor consciência de que estes processos fazem parte das interações no ambiente de trabalho. Logo, empreender em um projeto profissional exige um grau suficiente de habilidades no contato com o outro, exige um certo grau de autoconhecimento e um considerável grau de resiliência para saber lidar com os diferentes fatores estressantes que naturalmente surgem nas relações de trabalho.

Coaching é um processo que permite identificar quais são os aspectos que contribuem para uma baixa motivação e apresenta as ferramentas para sanar algumas falhas que vão do planejamento à execução de um projeto de trabalho. Entretanto, questões psicológicas como autoestima baixa, medo de arriscar, ansiedade quanto ao futuro, ou dificuldades no contato com o outro e no trabalho em equipe, quando não tratadas, podem levar a experiências negativas de insucessos sucessivos, podem desencadear sintomas psíquicos como ansiedade e depressão ou sintomas psicossomáticos, e até mesmo a estagnação do desenvolvimento pessoal e a desistência de sonhos e metas. Neste caso, indica-se a psicoterapia.

 

Acreditar em si mesmo é um requisito importante para toda pessoa que quer empreender ou tem um projeto a executar, mas em alguns casos este requisito precisa ser muito bem trabalhado psicologicamente. Em especial, quando o profissional passou por algumas situações de decepção ou fracasso e tornou-se refém de uma autoestima muito baixa, perdeu a autoconfiança, desenvolveu medos e bloqueios, ou pelo contrário, percebeu-se como uma pessoa fortemente movida pela impulsividade, torna-se quase impossível enfrentar novos desafios mantendo os níveis necessários de equilíbrio emocional e resiliência, sem a ajuda de um profissional capacitado em saúde mental.

Quando as dificuldades relacionadas à insegurança, ao medo, à baixa autoestima ou
 quando a impulsividade e o descontrole emocional se sobrepõem às dificuldades de planejamento e execução para alcançar a auto-realização no campo profissional, deve-se indicar uma psicoterapia prévia ao processo de coaching. Ou seja, quando surgem questões psíquicas que impedem a concretização dos resultados esperados, ou o alcance de metas torna-se prejudicado pelos problemas psicológicos associados às dificuldades da trajetória profissional, deve-se
dar a devida importância a este fator e buscar atendimento especializado
com um psicoterapeuta ou psicanalista.

 

 

Catarina Rabello
Psicóloga CRP30103/ 06
Psicanalista membro efetivo do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
(mais de 20 anos de experiência profissional)
Coach de Carreira SBC ( Sociedade Brasileira de Coaching)


Consultório: São Paulo
(11) 970434427
contato@psicatarina.com
Perdizes: R. Cardoso de Almeida, 1005
Tatuapé: R. Serra de Botucatu. 48

Interlocuções entre psicanálise e coaching

Por | Coaching, Cultura, Psicanálise | Nenhum Comentário

Estou comemorando 10 anos do meu blog e este é o meu primeiro post do novo site. Aproveito este espaço para apresentá-lo  a você e o convido a visitá-lo!

Escolhi o tema “Interlocuções entre Psicanálise e Coaching” aproveitando o momento atual em que se discute nas redes sociais a questão polêmica sobre os limites entre a atuação do coaching e as psicoterapias em geral. O coaching como  metodologia de desenvolvimento pessoal tem se expandido em progressão geométrica na sociedade brasileira e as vertentes de sua aplicação têm se tornado cada vez mais amplas. A metodologia do coaching passou a dialogar com outros campos do saber, em especial, com o saber psicológico e  sua atuação na área clínica. Na medida em que o objeto do coaching visa a mudança de comportamento dirigida à realização de desejos, sonhos, ideais e metas, ele se aproxima bastante das abordagens em psicologia clínica que também visam a mudança de comportamento, inclusive utilizando conceitos teóricos da TCC (terapia cognitivo-comportamental).

Por outro lado, conhecendo o objeto da psicanálise, o inconsciente e suas vicissitudes, os psicanalistas se perguntam: haveria uma  maneira de detectar os limites entre uma dificuldade pessoal trabalhada em um processo de coaching e as dificuldades que fazem parte de uma estrutura psíquica mais ampla?

Em minha experiência profissional de mais de vinte e cinco anos como psicóloga e psicanalista, penso que o limite é tênue entre a metodologia do coaching e as metodologias das psicoterapias, no que se refere à escuta e condução do profissional que as aplica, já que ambas trabalham com os potenciais humanos que precisam ser desenvolvidos, ampliados, tratados e/ou aperfeiçoados, e estas nuances, na atuação prática e no vínculo com o cliente, podem se confundir.

Por exemplo, ao utilizarmos a técnica e ferramenta poderosa do coaching para uma análise pessoal de potencialidades, que é a análise de SWOT, nos defrontamos com um dos aspectos mais difíceis de analisar da natureza humana, que são os pontos fracos de uma pessoa que busca o sucesso. Os  pontos fracos em um processo de coaching devem ser conduzidos com a utilização de técnicas objetivas pelo coach a partir da sua constatação, a fim de ajudar o seu cliente, o coachee a sanar as suas dificuldades e superar os obstáculos.

E quanto a um processo de análise psicanalítica? Os pontos fracos do cliente se espalham como os galhos de uma árvore frondosa e aparecem pelos meandros do discurso, distribuídos em suas mais diversas formas, chegando até às raízes e delineando o que nós, os psicanalistas, chamamos de subjetividade. Os pontos fracos podem ser identificados desde dificuldades que podem parecer simples, como por exemplo, uma dificuldade em elencar prioridades e estabelecer metas, até uma dificuldade a nível mais complexo, como uma baixa autoestima. Se compreendermos que um problema de autoestima está intimamente ligado a uma autoimagem que foi construída ao longo do  desenvolvimento psíquico de uma pessoa e suas raízes se apresentam nos registros inconscientes provenientes da infância, vemos que estamos diante de questões bem complexas do psiquismo. E estas, para serem tratadas, exigem uma análise mais aprofundada.

Então quais seriam os limites entre uma atuação e outra, já que toda a promoção de bem-estar da pessoa consigo mesma pode ser considerada terapêutica? Aqui vale a distinção entre os termos terapêutico e psicoterapêutico. Psicoterapia é uma metodologia de tratamento psíquico e pode ser aplicada somente pelo psicólogo e pelo médico psiquiatra, ao passo que terapêutica é toda prática que promove melhores níveis de saúde. Um processo de coaching que promove realização pessoal pode ser considerado terapêutico, na medida em que o cliente, ao alcançar as suas metas, pode ter os seus níveis de qualidade de vida e de saúde ampliados.

Talvez um bom critério a ser observado neste debate seja: Quando o coach  propõe-se a ajudar o seu coachee a progredir e consegue identificar que as dificuldades do seu cliente extrapolam o âmbito da objetividade ou percebe que este não responde bem às técnicas e ferramentas utilizadas no processo de coaching, este pode ser o momento certo de encaminhar este cliente para uma psicoterapia. Quem sabe este debate possa favorecer um diálogo mais aberto e uma parceria  mais eficaz nas condutas dos profissionais  envolvidos, a fim de ajudarem os seus clientes nos objetivos a serem alcançados.