Monthly Archives

maio 2018

Indicações da Psicanálise Perdizes e Tatuapé

Por | Abordagem psicanalítica, Autoimagem e autoestima, Psicanálise | Nenhum Comentário

 

Estamos sendo capturados a todo momento por um universo cujo volume incessante de imagens e informações direcionam, de certa forma, os nossos desejos, pensamentos, sonhos e emoções. Estar imerso neste mundo de riqueza de linguagens e velocidades diversas pode nos levar a uma maior vulnerabilidade psíquica e, consequentemente, à perda de contato com os aspectos mais subjetivos do ser.

As perguntas “Quem sou?” e “O que preciso para ser feliz?”  estão sendo respondidas a todo o momento por uma quantidade enorme de demandas externas que nos cercam. Entretanto, a linguagem interna dos sentimentos, sensações, desejos e emoções, muitas vezes não consegue ser capturada com tanta clareza como os signos linguísticos que nos invadem continuamente pelos meios da comunicação digital.

As sensações de angústia, tristeza, ansiedade, medo, incerteza e insatisfação podem ocupar o espaço interno mental sem que o indivíduo tenha consciência da importância da conexão consigo mesmo, com as suas questões subjetivas, ou com os efeitos das marcas de sua história de vida no psiquismo.

A falta de sintonia entre as demandas psíquicas internas e as demandas do mundo externo pode levar a idealizações dissociadas da realidade, produzindo um desgaste da autoimagem e autoestima. As dificuldades emocionais ligadas aos insucessos em lidar com os desafios da vida podem desencadear sintomas psíquicos associados às depressões, medos e ansiedades, que comprometem o desenvolvimento global do indivíduo e o processo de escolhas que remetem à realização de um sonho de felicidade almejada.

Poder falar de si mesmo em um processo terapêutico é uma oportunidade de reconectar-se com o ser subjetivo que encontra-se permeado de expectativas e frustrações por vezes muito intensas, contraditórias ou duradouras. De certa forma, o que possibilita com que uma pessoa conviva tanto tempo com um elevado grau de angústia, sofrimento e insatisfação está relacionado ao seu potencial de resiliência. Entretanto, o equilíbrio emocional pode tornar-se frágil e desgastado pela ineficácia das defesas internas, que já não conseguem suportar o nível de estresse psíquico. Ao surgirem sintomas de depressão, ansiedade, medo, pânico, ou sintomas de origem psicossomática, que prejudicam significativamente a qualidade de vida,  a pessoa se dirige finalmente à procura de uma ajuda terapêutica. Entretanto, se esta procura de ajuda é adiada por muito tempo e por diversos motivos, maiores se tornam os desdobramentos de uma falta de sintonia do paciente consigo mesmo, tornando mais complexas as suas dificuldades e mais cristalizadas as suas sintomatologias.

Na abordagem psicanalítica, os sintomas psíquicos ou psicossomáticos, aqueles que associam as questões inconscientes aos sintomas físicos, podem ser analisados e interpretados como indicativos de dificuldades importantes em conciliar os conflitos provenientes da luta entre as questões da subjetividade inconsciente.  Estes conflitos podem ter origem até nas vivências mais remotas da infância e as suas representações podem ser trazidas à consciência através da escuta analítica e serem trabalhadas através da análise.

A psicoterapia de abordagem psicanalítica pode ajudar o paciente a reconciliar-se consigo mesmo, com sua história de vida e seus traumas, identificar os valores que orientam a sua vida, resgatar os recursos psíquicos que lhe permitam lidar melhor com a sua subjetividade inconsciente, recuperar ou desenvolver a capacidade de manter o equilíbrio corpo/mente e seguir no desenvolvimento de seus potenciais para a auto-realização, saúde e bem-estar.

 

 

Catarina Rabello
Psicóloga Crp 30103/06
Psicanalista membro efetivo do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
Neuroeducadora CEFAC

Consultório: São Paulo-SP
(11) 970434427
contato@psicatarina.com

 

Filme Lou Andreas Salomé (2016)

Por | Cultura, Gênero, Psicanálise | Nenhum Comentário

 

 

Lou Andreas Salomé, nascida na Rússia imperial em 1861 é, sem dúvida, uma das personalidades mais marcantes e polêmicas da cultura europeia e do momento político do início do século XX. A escritora  transita sobre os temas do amor, sexo e erotismo de maneira inteiramente genuína enfrentando tabus e preconceitos, colocando-se como uma mulher apaixonada pela vida e pela liberdade de ser ela mesma, rompendo totalmente com os padrões de comportamento esperados para a sua época. Teve relacionamentos com filósofos e poetas importantes, porém, perseguia o ideal do amor com liberdade, tendo sido o grande amor de Friederich Nietzsche. Em 1911 conhece Freud, faz  análise com ele e apaixona-se pela psicanálise. O filme, além de nos apresentar a sua biografia, nos permite mergulhar no caldo da cultura europeia efervescente entre o final do século XIX e começo do século XX, quando apenas algumas mulheres tinham conquistado ainda um espaço no mundo da intelectualidade masculina. Foi uma das primeiras psicanalistas mulheres e seus escritos estão mais atuais do que nunca, causam impacto nos debates filosóficos, sociológicos e psicanalíticos especialmente sobre as questões que giram em torno do feminismo, de gênero e do narcisismo.

O filme é excelente, nos coloca em contato com questões tão coletivas e tão particulares ao mesmo tempo e incita-nos a muitas reflexões. O escolhi especialmente em homenagem ao dia do psicanalista, dia 06 de maio, data de nascimento de Sigmund Freud. Um dos aspectos cenográficos  mais marcantes do filme, é a possibilidade de cenas reais relacionadas ao passado da personagem, simplesmente “brotarem” de fotografias antigas, análogo ao processo da análise, como um arquivo de traços de memória embutidos em flashes fotográficos, que vão aos poucos, se conectando, um a um, e reorganizando uma história autobiográfica, com toda a emoção que é possível ser tocada a partir destas revivescências.

 

 

Catarina Rabello
Psicanalista membro efetivo do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae