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Psicologia e AVC

Psicologia em casos de AVC

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O paciente acometido pelo AVC (Acidente Vascular Cerebral) pode apresentar sequelas motoras, alterações de linguagem e distúrbios psíquicos. Os danos psicológicos mais comuns do AVC estão ligados a sintomas depressivos, como apatia, desânimo, tristeza, irritabilidade, pensamentos negativos, baixa tolerância a frustrações e perda da autoestima, o que leva o paciente a perder a esperança na recuperação de suas funções e reduzir os seus esforços para o processo de reabilitação. Os sintomas de linguagem compreendem desde um quadro de afasia até alterações na movimentação dos órgãos fono-articulatórios gerando dificuldades de fala, mastigação, deglutição, alterações de memória, compreensão e expressão.

Sintomas depressivos e alterações do humor do paciente pós-AVC

Os sintomas depressivos podem retardar o processo de recuperação na área funcional, cognitiva e motora, interferindo negativamente na reabilitação global do paciente, seja da marcha, memória, linguagem de fala e/ou escrita. Os familiares podem observar alterações no comportamento do paciente que são difíceis de contornar, pois é comum o aumento da irritabilidade, alterações do humor, impaciência e agressividade frente às limitações físicas e motoras e às dificuldades da família em compreender e encontrar maneiras adequadas para lidar com o paciente, que muito frequentemente sente-se infantilizado. O sucesso da reabilitação depende de múltiplos fatores como gravidade e extensão da lesão, faixa etária, estrutura psíquica do paciente, estrutura familiar e fatores sócio-econômico-culturais.

Neuroplasticidade em casos pós-AVC

Entre os principais profissionais que compõem a equipe de reabilitação do paciente pós-AVC encontramos o psicólogo, o fonoaudiólogo e o fisioterapeuta, os quais, em parceria, podem assumir uma postura única visando a recuperação neuropsíquica do paciente para a reabilitação das funções motoras ligadas à marcha, às atividades de vida diária, à comunicação oral e escrita e à potencialização de recursos internos do paciente para a aceitação dos limites, adaptação às mudanças de estilo de vida, melhora da autoestima e do quadro geral. Algumas limitações podem ser incapacitantes e duradouras, outras podem ser minimizadas com a reabilitação e todo o trabalho terapêutico conduz a potencializar o processo da neuroplasticidade, ou seja, reorganizar as áreas cerebrais para a retomada ou desenvolvimento de funções neurológicas. Contudo, este trabalho pode ter um resultado mais lento do que o paciente espera, e todas as particularidades podem causar um enorme desgaste emocional tanto para o paciente como para sua família. Em casos em que os sintomas psíquicos perduram ou intensificam-se, torna-se necessário um acompanhamento psiquiátrico associado à psicoterapia.

Orientação familiar e Psicoterapia ao paciente pós-AVC

A orientação familiar é fundamental para facilitar a aceitação e adaptação às novas condições de vida do paciente com sequelas e perdas decorrentes do AVC. É bem frequente uma mudança de comportamento do paciente, que torna-se ora deprimido, ora agressivo com as suas dificuldades em sentir-se compreendido. As mudanças de rotina abalam a estrutura familiar, podendo desencadear conflitos familiares quanto à melhor conduta, sobre quem irá assumir os cuidados do paciente após o seu retorno da internação, como irão administrar todas as tarefas. A família está sujeita às mudanças impostas pelas sequelas do AVC, sendo a perda da independência e autonomia do paciente um dos problemas mais difíceis de aceitar e administrar no meio familiar. Em especial, se a família já enfrentava anteriormente ao AVC conflitos de relacionamento com o paciente ou com os familiares entre si, as questões relacionadas aos cuidados com o mesmo podem complicar-se ainda mais, pois nem sempre é possível encontrar uma solução onde todos os envolvidos concordem entre si.

Como atendi na área de Fonoaudiologia por muitos anos, tenho bastante experiência em casos de AVC. Após a minha formação em Psicologia e Psicanálise passei a não atender mais como fonoaudióloga e hoje o meu trabalho é direcionado para o atendimento em psicoterapia em casos de alterações psíquicas associadas a transtornos neurológicos e pós-AVC. Em especial, o meu trabalho como psicoterapeuta visa ajudar o paciente pós-AVC a tratar dos sintomas de ansiedade, depressão, dificuldades de relacionamento e autoestima, além da orientação e terapia familiar, quando necessário. Este trabalho pode ajudar o paciente a visualizar um novo horizonte onde caibam suas angústias e esperanças, sua história de vida revalorizada e sua autoimagem reelaborada.

(Texto reeditado pela autora)

Catarina Rabello
Psicóloga Crp30103/06
Especialização em Neuroeducação CEFAC
Psicanalista membro efetivo do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
Psicoterapia psicanalítica
Terapia e Orientação Familiar
Coaching Pessoal Profissional e Liderança pela Sociedade Brasileira de Coaching (SBC)


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