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Interpretação de Sonhos e Autoconhecimento

Por | Interpretação de sonhos, Psicanálise, Psicanalista, Psicoterapia presencial e online, Resiliência, Resiliência e autoconhecimento, Sonhos, Subjetividade e autoconhecimento | Nenhum Comentário

 

Olhar de frente para si mesmo
requer ousadia e serenidade.

Os processos de psicoterapia são compreendidos como processos de autoconhecimento, entretanto, para quem nunca fez uma terapia, este conceito parece estranho e muito vago. O que seria o autoconhecimento na área da saúde mental? Segundo a abordagem psicanalítica, o autoconhecimento vai muito além de conhecer as próprias emoções e controlá-las quando necessário. Implica descobrir sob quais mecanismos inconscientes está regido o psiquismo, identificar os pontos de conflitos, elaborar as vivências dolorosas do passado e alcançar uma integração do eu mais harmônica. A partir de um trabalho rigoroso de escuta do discurso do paciente, o psicanalista pode ajudá-lo a trabalhar os conteúdos inconscientes que funcionam como motivadores para reações, sintomas e sentimentos que frequentemente não são compreendidos, ou mesmo, aceitos pelo próprio paciente.

Segundo a teoria freudiana as leis do inconsciente funcionam sob os mecanismos da condensação e do deslocamento sobre as estruturas linguísticas e lógicas que se sobrepõem à logica da consciência, gerando os sonhos, os sintomas, os chistes e os atos falhos, fazendo parte das ambivalências e contradições tão presentes no cotidiano. O inconsciente é uma instância psíquica que nos move frente ao complexo universo dos afetos, desejos, ideais e emoções, e que nos leva a reagir de maneira automática e repetitiva quando os conflitos internos e as vivências traumáticas não puderam ser bem elaborados. Independentemente do tempo em que estes registros de memória foram arquivados, o inconsciente os traz à tona na atualidade de maneira distorcida, de forma a esconder da consciência quaisquer vestígios, o que faz com que um sonho ou um sintoma tenham que ser analisados para serem compreendidos e interpretados.

O sonho foi para Freud o caminho, por excelência, da descoberta do inconsciente e seus mecanismos. O sonho, segundo o olhar psicanalítico permite um acesso a conteúdos reprimidos que aparecem nas imagens visuais e linguísticas cujas representações deslocadas e condensadas se configuram nas cenas do sonho como representações de desejos, conflitos e suas repressões. O sonho se realiza como uma verdadeira produção teatral, porém, com um valor tão intenso de experiência real, que aquilo que é vivido de uma maneira alucinatória no sonho, parece ter acontecido verdadeiramente quando acordamos no meio de um sonho. Tanto os personagens do sonho, como as situações vividas e alguns detalhes do sonho podem ter uma relação muito íntima com os conteúdos simbólicos reprimidos, o que permite serem interpretados analiticamente. Ou seja, o sonho, do ponto de vista psicanalítico, pode revelar muito do funcionamento inconsciente de quem sonha. Mesmo com as distorções próprias ao relato de um sonho devido às dificuldades de memorizá-lo fielmente, é possível analisá-lo e interpretá-lo, desde que o analista conheça a história do seu paciente. Isso nos alerta para os “decifradores” de sonhos, que não fazem nada além de especulações interpretativas, ao desconsiderarem a história do sujeito, o que leva a interpretações de sonhos padronizadas e descontextualizadas.

Olhar para si mesmo é um processo ousado?
Pode ser, na medida em que implica colocar em questão as certezas sobre si mesmo e reavaliar as próprias justificativas para o perfil emocional e comportamental. Todos nós construímos histórias que nos levam a justificar como sentimos, pensamos e agimos. A psicanálise pode facilitar ao paciente enxergar os pontos cegos na sua maneira de ser e se relacionar. Também pode contribuir na elaboração de traumas e vivências dolorosas passadas que se mantêm provocando ao longo do tempo tristezas, angústias e insatisfações que são desproporcionais às situações vividas na atualidade, por serem, na realidade, reatualizações de conflitos mal resolvidos do passado.

A iguana verde é um réptil dócil e extremamente tranquilo. É capaz de ficar horas na mesma posição contemplando o ambiente ao seu redor. Ela é mais verde quando jovem e vai mudando de cor conforme a idade até ficar totalmente acinzentada. A iguana pode ser lembrada como um bom exemplo de escuta analítica, aquela que permite ao paciente aprender também a se escutar melhor em direção ao amadurecimento e autoconhecimento. A análise pode permitir reconhecer os efeitos da história nas próprias fraquezas e fragilidades e, quem sabe, a partir deste processo, alcançar o amadurecimento tão desejado com um novo olhar para a vida, menos rancoroso, mais paciente, mais esperançoso, autoconfiante e com uma autoimagem mais positiva.

Um projeto de autoconhecimento através da análise exige uma escuta cuidadosa, serena e séria.
O aumento da capacidade de auto-observação e resiliência fazem parte das expectativas do processo
psicanalítico.

 

 

Catarina Rabello
Psicóloga Crp30103/06
Psicanalista membro efetivo do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
Psicoterapia de abordagem psicanalítica a adultos, casais e famílias
Psicoterapia presencial e online

Consultório São Paulo:
(11) 971.121432
contato@psicatarina.com
Perdizes: R. Ministro Godói, 1301

Indicações da Psicanálise Perdizes e Tatuapé

Por | Abordagem psicanalítica, Autoimagem e autoestima, Psicanálise | Nenhum Comentário

 

Estamos sendo capturados a todo momento por um universo cujo volume incessante de imagens e informações direcionam, de certa forma, os nossos desejos, pensamentos, sonhos e emoções. Estar imerso neste mundo de riqueza de linguagens e velocidades diversas pode nos levar a uma maior vulnerabilidade psíquica e, consequentemente, à perda de contato com os aspectos mais subjetivos do ser.

As perguntas “Quem sou?” e “O que preciso para ser feliz?”  estão sendo respondidas a todo o momento por uma quantidade enorme de demandas externas que nos cercam. Entretanto, a linguagem interna dos sentimentos, sensações, desejos e emoções, muitas vezes não consegue ser capturada com tanta clareza como os signos linguísticos que nos invadem continuamente pelos meios da comunicação digital.

As sensações de angústia, tristeza, ansiedade, medo, incerteza e insatisfação podem ocupar o espaço interno mental sem que o indivíduo tenha consciência da importância da conexão consigo mesmo, com as suas questões subjetivas, ou com os efeitos das marcas de sua história de vida no psiquismo.

A falta de sintonia entre as demandas psíquicas internas e as demandas do mundo externo pode levar a idealizações dissociadas da realidade, produzindo um desgaste da autoimagem e autoestima. As dificuldades emocionais ligadas aos insucessos em lidar com os desafios da vida podem desencadear sintomas psíquicos associados às depressões, medos e ansiedades, que comprometem o desenvolvimento global do indivíduo e o processo de escolhas que remetem à realização de um sonho de felicidade almejada.

Poder falar de si mesmo em um processo terapêutico é uma oportunidade de reconectar-se com o ser subjetivo que encontra-se permeado de expectativas e frustrações por vezes muito intensas, contraditórias ou duradouras. De certa forma, o que possibilita com que uma pessoa conviva tanto tempo com um elevado grau de angústia, sofrimento e insatisfação está relacionado ao seu potencial de resiliência. Entretanto, o equilíbrio emocional pode tornar-se frágil e desgastado pela ineficácia das defesas internas, que já não conseguem suportar o nível de estresse psíquico. Ao surgirem sintomas de depressão, ansiedade, medo, pânico, ou sintomas de origem psicossomática, que prejudicam significativamente a qualidade de vida,  a pessoa se dirige finalmente à procura de uma ajuda terapêutica. Entretanto, se esta procura de ajuda é adiada por muito tempo e por diversos motivos, maiores se tornam os desdobramentos de uma falta de sintonia do paciente consigo mesmo, tornando mais complexas as suas dificuldades e mais cristalizadas as suas sintomatologias.

Na abordagem psicanalítica, os sintomas psíquicos ou psicossomáticos, aqueles que associam as questões inconscientes aos sintomas físicos, podem ser analisados e interpretados como indicativos de dificuldades importantes em conciliar os conflitos provenientes da luta entre as questões da subjetividade inconsciente.  Estes conflitos podem ter origem até nas vivências mais remotas da infância e as suas representações podem ser trazidas à consciência através da escuta analítica e serem trabalhadas através da análise.

A psicoterapia de abordagem psicanalítica pode ajudar o paciente a reconciliar-se consigo mesmo, com sua história de vida e seus traumas, identificar os valores que orientam a sua vida, resgatar os recursos psíquicos que lhe permitam lidar melhor com a sua subjetividade inconsciente, recuperar ou desenvolver a capacidade de manter o equilíbrio corpo/mente e seguir no desenvolvimento de seus potenciais para a auto-realização, saúde e bem-estar.

 

 

Catarina Rabello
Psicóloga Crp 30103/06
Psicanalista membro efetivo do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
Neuroeducadora CEFAC

Consultório: São Paulo-SP
(11) 970434427
contato@psicatarina.com

 

Dificuldades profissionais: Psicoterapia ou Coaching?

Por | Carreira profissional, Coaching, Dinâmicas disfuncionais, Psicanálise, Psicologia do Trabalho, Psicoterapia | Nenhum Comentário

 

Algumas vezes vivenciamos um conflito entre o querer vencer e o poder atuar de forma adequada para realizar um sonho ou alcançar uma meta. Às vezes até mesmo a motivação torna-se insuficiente e deixamos de acreditar em nossos objetivos. Por quê isso acontece de vez em quando?

Independente das questões externas que podem interferir no sucesso profissional, temos que considerar os aspectos relacionados ao perfil psicológico individual que  podem igualmente interferir nos bons resultados de projetos profissionais. Somos seres racionais, porém, transitamos nos espaços grupais com toda a nossa bagagem emocional e carregamos todos os problemas emocionais mal resolvidos aonde quer que estejamos. Portanto, nos deparamos com o fato inexorável de que a vida profissional está intimamente ligada à história pessoal e somos movidos nas relações de trabalho pelos mesmos mecanismos psíquicos que utilizamos em outras relações, pois estes fazem parte da estrutura psíquica que nos determina e com a qual nos reconhecemos como seres individuais únicos. O ambiente de trabalho é um campo fértil para se reproduzirem as dinâmicas disfuncionais e os conflitos de relacionamento mal resolvidos que vivenciamos há muito tempo atrás, nas raízes das dinâmicas e histórias familiares, somados aos conflitos internos subjetivos e inconscientes que se projetam e se reatualizam na vida profissional, sem que tenhamos a menor consciência de que estes processos fazem parte das interações no ambiente de trabalho. Logo, empreender em um projeto profissional exige um grau suficiente de habilidades no contato com o outro, exige um certo grau de autoconhecimento e um considerável grau de resiliência para saber lidar com os diferentes fatores estressantes que naturalmente surgem nas relações de trabalho.

Coaching é um processo que permite identificar quais são os aspectos que contribuem para uma baixa motivação e apresenta as ferramentas para sanar algumas falhas que vão do planejamento à execução de um projeto de trabalho. Entretanto, questões psicológicas como autoestima baixa, medo de arriscar, ansiedade quanto ao futuro, ou dificuldades no contato com o outro e no trabalho em equipe, quando não tratadas, podem levar a experiências negativas de insucessos sucessivos, podem desencadear sintomas psíquicos como ansiedade e depressão ou sintomas psicossomáticos, e até mesmo a estagnação do desenvolvimento pessoal e a desistência de sonhos e metas. Neste caso, indica-se a psicoterapia.

 

Acreditar em si mesmo é um requisito importante para toda pessoa que quer empreender ou tem um projeto a executar, mas em alguns casos este requisito precisa ser muito bem trabalhado psicologicamente. Em especial, quando o profissional passou por algumas situações de decepção ou fracasso e tornou-se refém de uma autoestima muito baixa, perdeu a autoconfiança, desenvolveu medos e bloqueios, ou pelo contrário, percebeu-se como uma pessoa fortemente movida pela impulsividade, torna-se quase impossível enfrentar novos desafios mantendo os níveis necessários de equilíbrio emocional e resiliência, sem a ajuda de um profissional capacitado em saúde mental.

Quando as dificuldades relacionadas à insegurança, ao medo, à baixa autoestima ou
 quando a impulsividade e o descontrole emocional se sobrepõem às dificuldades de planejamento e execução para alcançar a auto-realização no campo profissional, deve-se indicar uma psicoterapia prévia ao processo de coaching. Ou seja, quando surgem questões psíquicas que impedem a concretização dos resultados esperados, ou o alcance de metas torna-se prejudicado pelos problemas psicológicos associados às dificuldades da trajetória profissional, deve-se
dar a devida importância a este fator e buscar atendimento especializado
com um psicoterapeuta ou psicanalista.

 

 

Catarina Rabello
Psicóloga CRP30103/ 06
Psicanalista membro efetivo do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
(mais de 20 anos de experiência profissional)
Coach de Carreira SBC ( Sociedade Brasileira de Coaching)


Consultório: São Paulo
(11) 970434427
contato@psicatarina.com
Perdizes: R. Cardoso de Almeida, 1005
Tatuapé: R. Serra de Botucatu. 48

Depressão e Psicoterapia

Por | Neurociências, Psicanálise | Nenhum Comentário

 

Um novo estudo canadense sobre depressão publicado no periódico “The Lancet Psychiatry” nesta segunda-feira revela que a depressão crônica altera as células cerebrais da glia, as microglias , que são células responsáveis pelo suporte e proteção do sistema nervoso central. O estudo liderado pelo neurocientista Jeff  Meyer aponta para a presença maior de inflamação nas microglias em pacientes com depressão crônica por mais de dez anos, que não receberam tratamento com psicofármacos.

No livro “Integrando Psicoterapia e Psicofarmacologia – Manual para Clínicos” (2015) o Doutor em Neurociências Irismar Reis de Oliveira apresenta vários estudos comprovando a eficácia das psicoterapias associadas às terapias farmacológicas, quanto ao potencial de modificarem de forma significativa as sinapses neuronais. Estudos envolvendo  as abordagens psicoterapêuticas tanto cognitivo-comportamentais como psicodinâmicas comprovam que os efeitos terapêuticos incidem diretamente no funcionamento cerebral dos pacientes estudados.

Nas terapias psicodinâmicas inclui-se a psicanálise, que é uma abordagem psicoterápica que enfoca a reelaboração de experiências traumáticas, permitindo uma reorganização psíquica que leva o paciente a reintegrar-se com sua história e com seus potenciais de desenvolvimento. Estes fatores sendo trabalhados produzem efeitos semelhantes a um novo aprendizado nas áreas cerebrais associadas à aprendizagem e à memória.  Os estudos concluíram que pacientes com depressão moderada se beneficiavam com a associação dos tratamentos psicoterápico e psicofarmacológico, e os pacientes com depressão leve poderiam ser tratados apenas com psicoterapia.

Certamente o avanço das pesquisas em neurociências tende a aproximar cada vez mais as diferentes abordagens de tratamento nos casos das depressões e outros transtornos psiquiátricos. A partir de um olhar psicanalítico, observo que os pacientes com casos de depressão que fazem análise concomitantemente ou não com o tratamento farmacológico, dependendo da gravidade do caso, desenvolvem maiores recursos psíquicos, utilizam melhor os seus mecanismos de defesa, modificam  o olhar frente às vicissitudes da vida, tendem a elaborar as angústias do passado e passam a se situar melhor no momento presente e com maior grau de resiliência. Estes efeitos terapêuticos têm uma repercussão direta nas características da depressão, já que esta psicopatologia por essência, torna o paciente fixado às vivências de perdas e desencadeia uma série de sintomas relacionados à tendência ao isolamento e suas consequências.

Catarina Rabello

Psicóloga Crp 30103/06

Psicanalista membro efetivo Instituto Sedes Sapientiae Neuroeducadora CEFAC