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Psicologia do idoso

O envelhecer

Por | Psicanálise e envelhecimento, Psicologia do idoso, Saúde mental e envelhecimento | Nenhum Comentário

Desde que nascemos estamos envelhecendo, porém, esta consciência torna-se mais reforçada a partir de algumas décadas de vida, quando percebemos mudanças físicas indesejáveis na pele, no cabelo, nas formas corporais, e quando observamos uma redução da funcionalidade do organismo para lidar com os excessos de toda ordem, aqueles que antes eram tranquilamente suportáveis, e a partir de uma certa idade, o organismo começa a sinalizar com seus limites e impedimentos.

Temos no dia de hoje, 20 de março, marcado em nosso calendário o início de uma nova estação. O outono caracteriza muito bem a simbologia do envelhecimento, com uma roupagem nova, um novo colorido permeado pela troca sutil e gradativa das folhas das árvores sazonais. Cada uma das estações tem a sua beleza característica, e, ao se dar conta que foi vivido um longo percurso, uma pessoa tem o direito de elaborar os inúmeros sentidos para tudo aquilo que já viveu e então reorganizar os focos que evidenciam as suas experiências futuras.  Estamos diante de plena transformação e costumamos dar mais valor à saúde quando envelhecemos do que quando a temos em abundância nas fases anteriores da vida. Tudo se modifica, algumas funções são perdidas, algumas ilusões são dissolvidas, mas a natureza é sábia, e nos oferta um tempo razoavelmente longo para nos prepararmos para o outono da vida.

Se o outono implica uma mudança de cores na natureza, o envelhecimento pode abrir espaço para um novo olhar ao que passou, ao que deixou de ser importante, e pode dirigir-se agora àquilo que assume um novo valor. Cada pessoa que pode caminhar no seu processo de subjetivação tem o direito de restaurar a sua vida emocional, reordenar as grades das suas prioridades, reencontrar-se consigo mesma e com seus pares, reconfigurar exigências e desejos e compartilhar dos efeitos da empatia com quem partilha semelhantes vivências. Tudo se transforma na natureza, entretanto, ainda sofremos com os impactos sociais frente ao envelhecimento e temos ainda muito a aprender com as outras culturas mais antigas que a nossa, a conviver melhor com aqueles que conseguiram enfrentar um maior número de desafios. Nunca é tarde demais para realizar um sonho, nunca é cedo demais para mudar um hábito, nunca é impossível aprender mais alguma coisa. Nunca é tarde demais para reconsiderar e reavaliar. Nunca é tarde para repensar e reanalisar. O tempo pode ser o nosso melhor amigo se soubermos dar valor a ele. Ao olharmos o tempo com os olhos de um pesquisador químico, encontraremos nas transformações que se sucedem a lógica de suas equações, a composição de seus elementos e as dosagens específicas que nos fizeram ser como somos, seres plenos de significação.

 

 

Catarina Rabello
Psicanalista membro efetivo do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
Psicanálise e Psicoterapia

Consultório São Paulo: (11) 970434427

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