Em pesquisa realizada no Reino Unido e publicada em 16/maio/18 pela BMJ, ScienceDaily “Obesity linked to increased risk of taking up smoking and smoking frequency”, cientistas franceses e ingleses descobriram uma base comum neurobiológica entre a obesidade e a adição ao tabaco e as suas implicações clínicas na saúde pública, concluindo que pessoas com maior tendência genética para a obesidade apresentam mais chances de serem fumantes.
É conhecido popularmente que os pacientes que conseguem se libertar da dependência do cigarro tendem a ganhar peso com a transferência da compulsão do fumo para a compulsão alimentar. Entretanto, no estudo citado os pesquisadores franceses e ingleses descobriram através de estudos genéticos do grupo de genética epidemiológica da Internacional Agency for Research on Cancer, em Lyon, França, realizados com 450.000 sujeitos de dois estudos, que para cada unidade a mais de índice de massa corporal (IMC) determinada geneticamente, existe um risco 18% maior de ser fumante ou ex-fumante. A pesquisa revelou também uma tendência de aumento da frequência do uso do cigarro relacionada à obesidade, com aumento de quase um cigarro por dia para o aumento de cada unidade de massa corporal. Os pesquisadores descobriram polimorfismos em um grupo de genes que sugerem uma base biológica comum para comportamentos aditivos, como a adição à nicotina e compulsão alimentar.
As pesquisas sobre a relação entre obesidade e fumo são difíceis de realizar devido às interferências do estilo de vida dos sujeitos pesquisados, como atividade física, sedentarismo, hábitos alimentares, níveis de estresse e outros. Entretanto, os resultados destes estudos genéticos sugerem que o comportamento compulsivo alimentar aumenta a probabilidade do comportamento tabagista, e não vice-versa.
Sabemos que a obesidade e o tabagismo são problemas importantes de saúde pública a nível mundial que estão associados a patologias crônicas com alto índice de risco de mortalidade como o câncer e as patologias cardíacas. Os resultados obtidos nesta pesquisa podem ter implicações importantes nas políticas públicas de saúde e elaboração de estratégias de controle de peso e prevenção do tabagismo. A importância de hábitos saudáveis e educação em saúde para a prevenção de doenças crônicas a todas as faixas etárias, especialmente às populações jovens, já que nesta pesquisa a média de idade do início do tabagismo foi 17 anos, deve ser alvo de estudos, debates e ações de conscientização social.