Monthly Archives

abril 2018

Dificuldades profissionais: Psicoterapia ou Coaching?

Por | Carreira profissional, Coaching, Dinâmicas disfuncionais, Psicanálise, Psicologia do Trabalho, Psicoterapia | Nenhum Comentário

 

Algumas vezes vivenciamos um conflito entre o querer vencer e o poder atuar de forma adequada para realizar um sonho ou alcançar uma meta. Às vezes até mesmo a motivação torna-se insuficiente e deixamos de acreditar em nossos objetivos. Por quê isso acontece de vez em quando?

Independente das questões externas que podem interferir no sucesso profissional, temos que considerar os aspectos relacionados ao perfil psicológico individual que  podem igualmente interferir nos bons resultados de projetos profissionais. Somos seres racionais, porém, transitamos nos espaços grupais com toda a nossa bagagem emocional e carregamos todos os problemas emocionais mal resolvidos aonde quer que estejamos. Portanto, nos deparamos com o fato inexorável de que a vida profissional está intimamente ligada à história pessoal e somos movidos nas relações de trabalho pelos mesmos mecanismos psíquicos que utilizamos em outras relações, pois estes fazem parte da estrutura psíquica que nos determina e com a qual nos reconhecemos como seres individuais únicos. O ambiente de trabalho é um campo fértil para se reproduzirem as dinâmicas disfuncionais e os conflitos de relacionamento mal resolvidos que vivenciamos há muito tempo atrás, nas raízes das dinâmicas e histórias familiares, somados aos conflitos internos subjetivos e inconscientes que se projetam e se reatualizam na vida profissional, sem que tenhamos a menor consciência de que estes processos fazem parte das interações no ambiente de trabalho. Logo, empreender em um projeto profissional exige um grau suficiente de habilidades no contato com o outro, exige um certo grau de autoconhecimento e um considerável grau de resiliência para saber lidar com os diferentes fatores estressantes que naturalmente surgem nas relações de trabalho.

Coaching é um processo que permite identificar quais são os aspectos que contribuem para uma baixa motivação e apresenta as ferramentas para sanar algumas falhas que vão do planejamento à execução de um projeto de trabalho. Entretanto, questões psicológicas como autoestima baixa, medo de arriscar, ansiedade quanto ao futuro, ou dificuldades no contato com o outro e no trabalho em equipe, quando não tratadas, podem levar a experiências negativas de insucessos sucessivos, podem desencadear sintomas psíquicos como ansiedade e depressão ou sintomas psicossomáticos, e até mesmo a estagnação do desenvolvimento pessoal e a desistência de sonhos e metas. Neste caso, indica-se a psicoterapia.

 

Acreditar em si mesmo é um requisito importante para toda pessoa que quer empreender ou tem um projeto a executar, mas em alguns casos este requisito precisa ser muito bem trabalhado psicologicamente. Em especial, quando o profissional passou por algumas situações de decepção ou fracasso e tornou-se refém de uma autoestima muito baixa, perdeu a autoconfiança, desenvolveu medos e bloqueios, ou pelo contrário, percebeu-se como uma pessoa fortemente movida pela impulsividade, torna-se quase impossível enfrentar novos desafios mantendo os níveis necessários de equilíbrio emocional e resiliência, sem a ajuda de um profissional capacitado em saúde mental.

Quando as dificuldades relacionadas à insegurança, ao medo, à baixa autoestima ou
 quando a impulsividade e o descontrole emocional se sobrepõem às dificuldades de planejamento e execução para alcançar a auto-realização no campo profissional, deve-se indicar uma psicoterapia prévia ao processo de coaching. Ou seja, quando surgem questões psíquicas que impedem a concretização dos resultados esperados, ou o alcance de metas torna-se prejudicado pelos problemas psicológicos associados às dificuldades da trajetória profissional, deve-se
dar a devida importância a este fator e buscar atendimento especializado
com um psicoterapeuta ou psicanalista.

 

 

Catarina Rabello
Psicóloga CRP30103/ 06
Psicanalista membro efetivo do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
(mais de 20 anos de experiência profissional)
Coach de Carreira SBC ( Sociedade Brasileira de Coaching)


Consultório: São Paulo
(11) 970434427
contato@psicatarina.com
Perdizes: R. Cardoso de Almeida, 1005
Tatuapé: R. Serra de Botucatu. 48

O Trauma sob o olhar psicanalítico

Por | Psicanálise | Nenhum Comentário

 

 

Trauma é um termo de origem grega (traûma) que significa ferida, dano ou avaria, sendo utilizado principalmente pelo campo da medicina. A psicanálise transpôs este termo para o plano psíquico, explicando o trauma como uma consequência de um choque emocional violento capaz de produzir efeitos danosos sobre o psiquismo como um todo. O trauma pode advir de uma única vivência muito violenta ou da somatória de experiências de grande impacto psíquico que se fixam e não conseguem ser metabolizadas pelo aparelho psíquico, prejudicando o seu funcionamento e a sua integração.

Nas bases etiológicas das neuroses e psicoses, segundo Freud, encontramos traços de memória de experiências traumáticas inconscientes que surgem no discurso do paciente em análise e que foram vividas em momentos precoces do seu desenvolvimento infantil, quando a linguagem ainda incipiente, ou o psiquismo ainda imaturo, não dispunham de recursos suficientes para elaborar a intensidade do impacto psíquico produzido pelo trauma.

Sinais mnêmicos da experiência traumática, como sinais de angústia, medos, sintomas de depressão e ansiedade, segundo o olhar psicanalítico, podem passar a fazer parte integrante do psiquismo produzindo efeitos que expressam-se de maneira constante e repetitiva, sendo uma tentativa insistente do aparelho psíquico a liberação da energia livre que ainda não pode ser simbolizada, independente do tempo em que o trauma foi desencadeado, já que o inconsciente é uma instância psíquica atemporal.

O trabalho psicanalítico favorece um caminho para que a experiência traumática infantil fortemente associada a uma memória emocional que não  se manifesta necessariamente vinculada aos fatos que a geraram, profundamente marcada no aparelho psíquico, passe a ser contornada pela linguagem e passe a fazer parte de um conteúdo psíquico com representação simbólica.  Desta forma, cria-se na análise uma oportunidade  de trabalhar o conteúdo psíquico traumático e o trauma pode deixar de ser uma fonte de recorrência de sintomas de angústia sem nomeação, para tornar-se um registro simbolizado de vivências que podem agora, ao invés de serem repetidas de forma contínua e patológica, serem elaboradas e reintegradas de maneira a permitir um funcionamento psíquico saudável.

 

Qual seria a semelhança entre o trauma e os fósseis que encontramos incrustados nas rochas?

 Assim como as formações do inconsciente reatualizam um trauma que foi vivido há muito tempo atrás, em uma linguagem metafórica, os fósseis representam os elos que nos indicam as pistas do modo de vida de seres extintos há milhões de anos. Os fósseis são os vestígios de animais ou vegetais que ficaram depositados intactos sobre o solo e gradativamente foram se cristalizando e fazendo parte integrante das rochas, permitindo com que os paleontólogos através dos seus estudos, possam concluir sobre a história do desenvolvimento do planeta, podendo recolher, reorganizar e analisar os sinais dos eventos ocorridos em uma era em que a humanidade ainda não dispunha de recursos tecnológicos para registrá-los.

O psicanalista por sua vez, é o profissional que pode acompanhar esta busca através da interpretação dos restos mnêmicos da história do paciente, que, ao contrário dos fósseis, mantêm-se vivos no inconsciente, produzindo efeitos atualizados através de sonhos de angústia, pesadelos, atos falhos e sintomas psíquicos. Em um processo psicanalítico, através da escuta e análise do discurso do paciente, das interpretações e intervenções psicanalíticas, a experiência traumática pode vir a ser elaborada pelo psiquismo e deixar de se apresentar de maneira repetitiva, incompreensível e dolorosa ao paciente. No texto “Recordar, Repetir e Elaborar” (1914), Freud  situa-nos frente aos três pilares fundamentais do trabalho da análise, indicando os caminhos pelos quais o paciente percorre em um processo analítico para elaborar as suas vivências traumáticas, libertar-se das fixações que o aprisionam e tratar bloqueios, sintomas e inibições que em alguns momentos críticos da sua história de vida, puderam ocasionar dificuldades e transtornos.

 

 

 

Catarina Rabello
Psicóloga Crp 30103/06
Psicoterapeuta adultos, adolescentes, casais e famílias
Psicanalista membro efetivo do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
Coach de Carreira membro da Sociedade Brasileira de Coaching


Consultório São Paulo:   (11) 970434427

contato@psicatarina.com

Perdizes  R. Ministro Godói, 1301
Tatuapé   R. Serra de Botucatu, 48