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março 2018

Perdizes e Tatuapé: Psicanálise e Neuroplasticidade

Por | Neurociências, Neuropsicanálise, Psicanálise | Nenhum Comentário

 

Neuroplasticidade é a capacidade do sistema nervoso se recompor, alterar a sua anatomia ou a sua função. O neurocientista Prof. Fúlvio Scorza, da Universidade Federal de São Paulo, em entrevista à Revista Brasileira de Psicanálise, já considerava, em 2009, a influência da psicanálise sobre a neurogênese cerebral em pacientes com depressão ou portadores de estresse pós-traumático. A influência de fatores externos ou ambientais sobre a capacidade do cérebro se regenerar já vem sendo estudada há muito tempo, mas somente após a aproximação entre neurocientistas e psicanalistas nas últimas décadas, está sendo possível desenvolver uma nova ciência, a neuropsicanálise, que se propõe a estabelecer os elos científicos entre o funcionamento cérebro/mente.

A planária é um exemplo metafórico de neuroplasticidade. Ela é capaz de regenerar-se após sofrer lesões ou até mesmo se tiver a sua cabeça cortada, e seus mecanismos genéticos de regeneração estão sendo aplicados em estudos de células-tronco. O médico e psicanalista membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise Yusaku Soussumi e fundador da Sociedade Internacional de Neuropsicanálise afirma que Freud já pensava sobre a interlocução entre o funcionamento cérebro/mente, já que foi neurologista e criador da psicanálise, mas não dispunha dos recursos de pesquisa sobre os efeitos terapêuticos da psicanálise sobre o funcionamento cerebral e sobre a capacidade de incidir na  neuroplasticidade, estudos que só foram desenvolvidos por mais de meio século após a elaboração da sua teoria.

Os efeitos das experiências traumáticas, sejam por influências internas ou externas, causam modificações no cérebro que podem ser severas e duradouras e as pesquisas atuais tentam descobrir por quais mecanismos as sessões terapêuticas são capazes de recuperar aspectos do psiquismo que foram prejudicados pelos traumas. Sob o olhar da psicanálise, quanto mais precoce uma experiência traumática, mais intensos os seus efeitos, já que o psiquismo ainda muito jovem e em estado de estruturação, possui poucas estratégias e mecanismos de defesa contra uma experiência traumática severa. Freud descobriu a importância da “talking cure” associada à possibilidade da análise e da interlocução contínua entre corpo e mente, cujas marcas desta se fixam ao longo do desenvolvimento psíquico.

A interface entre os estudos de neurociência e da neuropsicanálise do desenvolvimento tendem a encontrar as respostas que vão corroborar os achados clínicos que Freud já havia descoberto em 1900, quando escreveu “A Interpretação dos Sonhos”, como um tratado sobre o funcionamento psíquico e as leis do inconsciente, o que trará um avanço à ciência dos processos neuropsíquicos relacionados aos afetos, às fantasias, às emoções, ao desejo inconsciente e à interlocução destes com a linguagem. 

 

Catarina Rabello
Psicóloga Crp 30103/03
Psicanalista membro efetivo Instituto Sedes Sapientiae
Psicoterapeuta de Casais e Famílias
Neuroeducadora CEFAC

Consultório São Paulo
(11) 970434427
contato@psicatarina.com

Perdizes: R. Ministro Godói, 1301
Tatuapé:  R. Serra de Botucatu, 48

 

“De Corpo e Alma” (On Body and Soul – Ildiko Enyedi)

Por | Cultura | Nenhum Comentário

 

 

“De Corpo e Alma” trata-se de um filme eminentemente sensorial, capaz de produzir uma experiência de retorno à fase mais primária de cada um de nós, que é a da criança recém-nascida, aberta a todos os estímulos sensoriais do ambiente, porém, sem conseguir integrá-los num primeiro momento com os referenciais linguísticos da nossa cultura. Se por um lado, a socialização nos proporciona a convivência social e a entrada no mundo da cultura, por outro lado, somos destituídos do potencial desta sensibilidade mais genuína e exacerbada ao longo deste processo.

Este filme é assim, pura sensação, emoção e o desenrolar de uma história de amor com um desenvolvimento lento, permeado por poucas falas, um silêncio encantador, e a personagem principal, com o seu perfil autístico, nos leva a reconhecer a riqueza da construção de um laço nos detalhes de uma relação delicada, intensa e perigosa ao mesmo tempo.

A emoção conduz ao  desenvolvimento de um conteúdo profundo sobre uma relação que se inicia de forma não convencional e é tratada de uma forma extremamente cuidadosa pela diretora e escritora húngara Ildikó Enyedi, em “Corpo e Alma”. O filme ganhou o prêmio Urso de Ouro em Berlim em 2017 e foi indicado para o Oscar em 2018.

A escritora e diretora húngara traz ao público uma reflexão sobre as vicissitudes da sociedade pós-moderna quanto às dificuldades que enfrentamos para estabelecer laços de afeto, em uma sociedade que preza pela velocidade e consequente superficialidade dos encontros com o outro. O distanciamento e rigidez nas estratégias de defesas que criamos ao contato com o outro quase congelam as possibilidades de um encontro verdadeiramente afetivo. O filme nos convida, como se  pudéssemos em uma relação especular, reconhecer a nossa presença autística no mundo, a evitar feridas e a dor dos encontros e desencontros.

Trata-se de uma história de amor entre dois personagens marcados por um distanciamento inicial, personagens fechados no seu mundo interno por suas couraças, mas, que aos poucos, foram se abrindo para uma relação de profunda identificação. Através dos encontros que eram marcados inicialmente pela capacidade de sonharem os mesmos sonhos, e através desta descoberta em  sonhos, puderam romper as barreiras que os distanciavam e viver  intensamente as vicissitudes do amor, incluindo a dor do do ciúmes, da perda e a recompensa da entrega. Um verdadeiro filme de arte, amei!

 

Catarina Rabello
Psicóloga Crp 30103/06
Psicanalista membro efetivo Instituto Sedes Sapientiae

Consultório São Paulo
(11) 970434427
contato@psicatarina.com

Carreira profissional, Coaching e Psicoterapia dirigida a mulheres

Por | Abordagem psicanalítica, Autoestima feminina, Coaching de Carreira, Psicologia da mulher, Psicoterapia, Psicoterapia Perdizes, Psicoterapia Tatuapé | Nenhum Comentário

 

Muitos são os caminhos para valorizar a potência criativa da mulher.
Partindo de novos ideais ou de ideais já processados mentalmente, mas ainda não colocados em prática, a mulher pode acreditar mais nos seus recursos potenciais para enfrentar desafios em diversas áreas da vida. Este processo envolve dúvidas e inseguranças que podem ser melhor trabalhadas se for possível compartilhar as dificuldades em um espaço profissional psicoterapêutico protegido e isento de críticas e julgamentos.


Colocar em prática um ideal, um sonho ou um projeto exige planejamento, organização, disciplina e muita dedicação mas, principalmente, uma crença positiva em si mesma e no próprio desejo, acreditando que vale a pena lutar por um ideal. Se a autoestima estiver rebaixada, o medo de arriscar pode consumir a energia positiva acumulada e impedir que a iniciativa se desenvolva. Entretanto, mesmo com uma autoestima razoável, às vezes é difícil manter a motivação para investir em uma mudança de rumo e de perspectivas, se esta trajetória se dá de maneira solitária ou sem o apoio das pessoas mais próximas.

Há situações de conflitos que requerem um maior aprofundamento sobre a sua própria maneira de ser e reagir, e momentos de crise podem ser também bons momentos para gerar autoconhecimento e aprendizado. Neste caso, uma psicoterapia psicanalítica pode ajudar a identificar quais os mecanismos psíquicos estão prejudicando as interações sociais ou o desenvolvimento pessoal e profissional, concorrendo para os insucessos e levando à queda da autoestima e autoimagem feminina. A auto-realização em diversas áreas da vida tem uma relação direta com a autoestima e a autoimagem. O reconhecimento dos limites e potenciais, a ampliação da capacidade de resiliência, o desenvolvimento da criatividade, e a capacidade de transformação e aprendizado frente às dificuldades são aspectos que um processo psicoterapêutico pode ajudar a ampliar e potencializar através do autoconhecimento. 

Quanto à abordagem do coaching ,
ele dispõe de técnicas que facilitam identificar rapidamente aspectos que estão frágeis
e representam pré-requisitos essenciais na tomada de decisões. Estes aspectos, ao serem identificados, podem ser trabalhados com um foco muito específico e objetivo no processo de coaching, ao passo que, em um processo psicoterápico, pesquisamos os significados que estas dificuldades
assumem diante de toda a dinâmica emocional do cliente. Ou seja, quando há dificuldades
relativas à carreira profissional e tomada de decisões no campo profissional, é possível
aliar as técnicas do coaching a um aprofundamento psicoterápico.

 

 

Catarina Rabello
Psicóloga Crp 30103/06 Psicanalista Sedes Sapientiae
Psicoterapeuta na abordagem psicanalítica
Coach profissional, pessoal e de liderança (SBC)

Contato:
(11) 970434427
contato@psicatarina.com

Perdizes: R. Ministro Godói, 1301
Tatuapé:  R. Serra de Botucatu, 48

 

Conflitos de Empresas Familiares

Por | Coaching, Empresas familiares, Família | Nenhum Comentário

 

 

Empresa e família são dois empreendimentos valiosos, porém, se não forem bem conduzidos e administrados, podem gerar graves crises, a ponto de desestabilizar a empresa e/ou a família de maneira drástica e duradoura. O tratamento de conflitos nas empresas familiares abrange desde áreas do conhecimento de gestão empresarial até conhecimentos de psicologia. O profissional chamado a tratar de conflitos de empresas familiares deve estar apto a utilizar técnicas que abrangem um modelo de comunicação e interação interpessoal específico. Utilizo as abordagens da Terapia Familiar Sistêmica e do Coaching corporativo e de relacionamento, além da leitura dos conflitos do ponto de vista psicanalítico.

As características dos vínculos familiares disfuncionais podem indicar dificuldades antes mesmo da família iniciar um projeto empresarial, havendo grande probabilidade de intensificar um conflito já existente. O acréscimo de conflitos quando se planeja uma empresa familiar raramente é levado em consideração durante a estruturação da empresa. A família ou não tem consciência da interferência da complexidade  dos vínculos disfuncionais, ou acredita que vai saber discriminar com destreza os papéis familiares dos papéis profissionais. Entretanto, na prática, vai descobrindo o quanto é difícil manter as fronteiras bem delimitadas entre funções, direitos e deveres, especialmente quando envolve conflitos de hierarquia e abuso de poder entre os seus líderes. Um dos exemplos mais clássicos é a admissão de pessoal sem a competência necessária respeitando apenas o critério de que o funcionário, por ser um membro familiar, já tem o seu direito garantido para assumir determinadas funções.

 

As técnicas de coaching podem ser associadas ao método da terapia familiar sistêmica no tratamento dos vínculos disfuncionais entre as duplas ou subsistemas nas empresas onde trabalham familiares com variados níveis de laço familiar, seja entre irmãos, marido e esposa, pais e filhos, sogro, genro ou nora, ou outras configurações familiares.

A abordagem do coaching e da terapia familiar sistêmica para conflitos em empresas familiares auxilia na  identificação de fatores que levam ao desequilíbrio das relações, ajuda a reduzir o nível elevado de estresse, ajuda a organizar um padrão mais saudável de comunicação, favorece o espírito de cooperação e parceria e estimula o comprometimento de todos os envolvidos com a missão da empresa e com a busca de resultados satisfatórios.

Uma das maiores dificuldades da empresa familiar é o estabelecimento de regras, limites e definição de papéis e competências. As dificuldades de interação e comunicação podem se sobrepor a conflitos anteriores gerando o caos administrativo com a quebra das relações hierárquicas, interrupção no planejamento das metas, perdas concretas dos resultados e rompimento de laços familiares e empresariais dos membros envolvidos no conflito, causando severo prejuízo e intenso desgaste físico e mental a todos.

A abordagem do coaching corporativo permite realinhar os valores e a missão da empresa, o que favorece a reintegração de seus membros, ao passo que a terapia familiar sistêmica visa o tratamento dos vínculos disfuncionais.

 

 


A associação das abordagens da Terapia Familiar Sistêmica ao Coaching Corporativo tem permitido analisar, propor estratégias e obter resultados eficazes na mediação dos conflitos das empresas familiares.


Desenvolver técnicas de interação e diálogo e investir em bons relacionamentos de equipe utilizando os potenciais de comunicação através de um programa de Coaching tem sido uma ótima opção para o crescimento saudável das empresas que querem perpetuar o seu vínculo com a história familiar.

 

 
 

Catarina Rabello

Psicóloga  CRP30103/06

Psicanalista Sedes Sapientiae

Psicoterapeuta de Casais e Famílias na abordagem da Terapia Familiar Sistêmica

COACH Profissional, Pessoal e de Liderança, membro da Sociedade Brasileira de Coaching

 

Consultório São Paulo (Capital) Brasil
contato@psicatarina.com  

(11)970434427

Perdizes: R. Ministro Godói, 1301
Tatuapé: R. Serra de Botucatu, 48

Dia Internacional da Mulher

Por | Cultura, Reflexões | Nenhum Comentário

Uma tartaruga sorridente de presente para todas as mulheres no dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher!!

Se as nossas conquistas sociais levaram tantos séculos para se concretizarem, por outro lado, as mulheres puderam se revestir com uma forte resistência aos ataques do social ao longo da história!! Que a sabedoria também continue a fazer parte desta longa jornada!!

Catarina Rabello

Psicóloga psicanalista coach

Crp30103

Depressão e Psicoterapia

Por | Neurociências, Psicanálise | Nenhum Comentário

 

Um novo estudo canadense sobre depressão publicado no periódico “The Lancet Psychiatry” nesta segunda-feira revela que a depressão crônica altera as células cerebrais da glia, as microglias , que são células responsáveis pelo suporte e proteção do sistema nervoso central. O estudo liderado pelo neurocientista Jeff  Meyer aponta para a presença maior de inflamação nas microglias em pacientes com depressão crônica por mais de dez anos, que não receberam tratamento com psicofármacos.

No livro “Integrando Psicoterapia e Psicofarmacologia – Manual para Clínicos” (2015) o Doutor em Neurociências Irismar Reis de Oliveira apresenta vários estudos comprovando a eficácia das psicoterapias associadas às terapias farmacológicas, quanto ao potencial de modificarem de forma significativa as sinapses neuronais. Estudos envolvendo  as abordagens psicoterapêuticas tanto cognitivo-comportamentais como psicodinâmicas comprovam que os efeitos terapêuticos incidem diretamente no funcionamento cerebral dos pacientes estudados.

Nas terapias psicodinâmicas inclui-se a psicanálise, que é uma abordagem psicoterápica que enfoca a reelaboração de experiências traumáticas, permitindo uma reorganização psíquica que leva o paciente a reintegrar-se com sua história e com seus potenciais de desenvolvimento. Estes fatores sendo trabalhados produzem efeitos semelhantes a um novo aprendizado nas áreas cerebrais associadas à aprendizagem e à memória.  Os estudos concluíram que pacientes com depressão moderada se beneficiavam com a associação dos tratamentos psicoterápico e psicofarmacológico, e os pacientes com depressão leve poderiam ser tratados apenas com psicoterapia.

Certamente o avanço das pesquisas em neurociências tende a aproximar cada vez mais as diferentes abordagens de tratamento nos casos das depressões e outros transtornos psiquiátricos. A partir de um olhar psicanalítico, observo que os pacientes com casos de depressão que fazem análise concomitantemente ou não com o tratamento farmacológico, dependendo da gravidade do caso, desenvolvem maiores recursos psíquicos, utilizam melhor os seus mecanismos de defesa, modificam  o olhar frente às vicissitudes da vida, tendem a elaborar as angústias do passado e passam a se situar melhor no momento presente e com maior grau de resiliência. Estes efeitos terapêuticos têm uma repercussão direta nas características da depressão, já que esta psicopatologia por essência, torna o paciente fixado às vivências de perdas e desencadeia uma série de sintomas relacionados à tendência ao isolamento e suas consequências.

Catarina Rabello

Psicóloga Crp 30103/06

Psicanalista membro efetivo Instituto Sedes Sapientiae Neuroeducadora CEFAC