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Abordagem sistêmica familiar

Terapia de Casais: Parceria e Conflito

Por | Ansiedade, Depressão, Dinâmicas disfuncionais, Psicanálise, Terapia de Casais Perdizes, Terapia de Casal, Terapia de casal online, Terapia de casal psicanalítica | Nenhum Comentário

A terapia de casais na abordagem psicanalítica envolve uma compreensão das dinâmicas interpessoais combinada com uma compreensão das dinâmicas intrapsíquicas individuais de cada um dos parceiros. Um relacionamento de casal é mais do que a soma de duas pessoas. É verdadeiramente, o resultante do que elas conseguem criar, integrando os aspectos conscientes e inconscientes em um misto de ideais e expectativas que vão se realizando ou simplesmente confirmando uma frustração e a reatualização de conflitos pessoais profundos. Freud identifica a raiz de conflitos inconscientes no momento da estruturação psíquica nos primeiros anos da infância. Partindo do princípio que os conflitos inconscientes poderão fazer parte ao longo de toda a vida do indivíduo, é na relação conjugal que temos um terreno fértil para o reaparecimento dos mesmos, reatualizados na convivência diária das dificuldades da parceria saudável, e muitas vezes, reconhecidos através do mecanismo da projeção, como sendo causados pelo parceiro. Se ambos apresentam muitas dificuldades psíquicas provenientes das falhas e carências emocionais de suas histórias familiares e dos traumas pessoais, a parceria pode tornar-se um imenso caldeirão de frustrações e mágoas sucessivas, ameaçadoras da saúde individual e da saúde do relacionamento. Podem surgir angústias insuportáveis, e o aparecimento de sintomas como depressão, ansiedade e doenças psicossomáticas.

A busca pela terapia de casais pode ser uma alternativa para um olhar mais profundo sobre as dinâmicas que o casal construiu e não estão sendo suficientemente boas para os dois. Se não tratadas e não analisadas, estas dinâmicas podem chegar a um estágio de insuficiência máxima, com o aparecimento de agressões verbais, e até mesmo, físicas, além de ameaças de abandono real e emocional. O terapeuta de casais com abordagem psicanalítica pode ajudar o casal a vencer algumas resistências e desenvolver um novo olhar para o relacionamento onde os parceiros possam reencontrar-se com os conflitos subjetivos que podem estar sendo perpetuados na teia das tensões conjugais. A terapia de casais, neste caso, busca reduzir o grau de disfuncionalidade da relação auxiliando na conscientização de mecanismos que se repetem e são inconscientes.

Toda a gama de conflitos interpessoais pode estar contaminada por conflitos subjetivos mal resolvidos da história pessoal de cada um. Neste estágio de percepção, a terapia da casal pode evoluir para uma terapia individual, onde cada parceiro com seu terapeuta distinto, possa se aprofundar nos modelos familiares internalizados que mobilizam tantas angústias e frustrações. O trabalho terapêutico, portanto, não finaliza na compreensão das dinâmicas interpessoais do casal. Pelo contrário, se inicia por aí, com uma conscientização sobre o que eles criaram como modelo de relacionamento, o que eles gostariam de criar, e qual a qualidade de dinâmica eles desejam construir após se depararem com seus limites, fragilidades e potencialidades, aspectos que precisam ser analisados e elaborados psiquicamente em uma análise individual.

 

 

 

Catarina Rabello
Psicoterapia de Casais       Crp 30103/06
Psicanalista membro efetivo do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
Psicoterapia individual e de casais online

Contato: (11) 971.121432
contato@psicatarina.com

Consultório: São Paulo- Perdizes: R. Ministro Godói, 1301

Filme “O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain” (França/2001)

Por | Psicanálise e cinema, Psicanálise e cultura, Subjetividade e autoconhecimento | Nenhum Comentário

 

O filme “O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain”, de Guillaume Laurant e direção de Jean-Pierre Jeunet ( França/2001) protagonizado por Audrey Tautou, é lindo, profundo e encantador. Reúne sensibilidade, humor, uma fotografia maravilhosa e uma história dramática de uma menina que tinha tudo para ser triste, mas que descobriu ao longo da vida a arte de expressar amor e  estabelecer vínculos afetivos, apesar dos sentimentos de solidão que permearam toda sua infância e adolescência. Amèlie tornou-se curiosa, imaginativa e muito empática, talvez fruto das vivências do profundo desamparo familiar, que marcou uma impossibilidade na infância de ser reconhecida como uma criança normal com necessidades de afeto, um olhar mais cuidadoso e experiências mais ricas de interação social.

Amèlie passou por todo um processo de autodescoberta de sua sensorialidade, sensualidade e sensibilidade amorosa, buscando respostas às vicissitudes da vida, o que a transformou em uma pessoa extremamente observadora, sensível, curiosa e empática a todos os dissabores daqueles de quem se aproximava, quer tivessem problemas de ordem amorosa, mental ou psicológica, quer fossem portadores de problemas e deficiências físicas, como a linda cena onde acompanha um cego ao atravessar uma rua e se permite ser os olhos dele ao caminhar, contando-lhe sobre os pormenores e sensações que o ambiente era capaz de lhe proporcionar.

O filme traz à tona uma possibilidade de circularmos entre o real e o imaginário, entre o sonho e a fantasia de forma leve, especialmente alegre, inusitada e profundamente criativa, em um roteiro muito delicadamente trabalhado e cativante de transformação pessoal, onde os personagens que carregavam as suas frustrações cristalizadas foram dissolvendo-as, cada um ao seu tempo e conforme o seu seu perfil psicológico particular, sempre com a ajuda de Amèlie.

Quando Amèlie se propõe a ajudar o outro a reconciliar-se com seu passado e sua  história, é pega de surpresa pela sua capacidade de apaixonar-se e descobre-se também no mesmo processo de reconciliação consigo mesma, com sua subjetividade e  com sua própria história. A partir daí Amèlie é capaz de abrir mão de suas defesas e sair do anonimato para poder expressar-se mais aberta e livremente em um processo lento e gradativo, onde vai delicadamente abandonando seus medos e inibições, aqueles que foram modelados por experiências  da infância em que não pode ser vista nem ouvida, onde o sentir-se amada como merecia precisou passar por uma reconstrução análoga a um quebra-cabeças de registros esparsos de pedaços de cenas, imagens e falas, que foram sendo pouco a pouco resignificados pelo impacto afetivo das novas relações que foram surgindo em sua vida. Descobre enfim que o amor pode ser compartilhado e não apenas vivido de maneira solitária, traçando uma trilha de buscas, encontros e descobertas.

 

 

Catarina Rabello
Psicóloga CRP 30103/06
Psicanalista membro efetivo do Departamento de psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae
Terapeuta de Casais, Famílias, Adolescentes e Adultos

Consultório São Paulo-SP
(11) 970434427