Trauma sob o olhar da Psicanálise

Por 22 de janeiro de 2018Psicanálise

Trauma é um termo de origem grega que significa ferida, sendo utilizado principalmente pelo campo da medicina. A psicanálise transpôs este termo para o plano psíquico, explicando o trauma como uma consequência de um choque emocional violento capaz de produzir efeitos sobre o psiquismo como um todo. O trauma pode advir de uma única vivência muito violenta ou da somatória de experiências de grande impacto psíquico que se fixam e não conseguem ser metabolizadas pelo aparelho psíquico.

Nas bases etiológicas das neuroses e psicoses encontramos sinais de experiências traumáticas que foram vividas num momento  precoce da vida durante o desenvolvimento infantil quando a linguagem ainda incipiente não podia ser utilizada para traduzir a intensidade do impacto psíquico do trauma. Os traumas também podem associar-se a sintomas depressivos e de ansiedade, colocando-se como reforçadores dos transtornos de pânico, do estresse pós-traumático, das depressões e outras patologias.

Sinais mnêmicos da experiência traumática podem passar a fazer parte do psiquismo produzindo sintomas que expressam-se de maneira constante e repetitiva, sendo uma tentativa insistente do aparelho psíquico a liberação da energia livre que ainda não pode ser simbolizada, independente do tempo em que o trauma foi desencadeado.  O trabalho psicanalítico favorece um caminho para que a experiência traumática infantil fortemente emocional e profundamente marcada no aparelho psíquico passe a ser contornada pela linguagem. Desta forma, cria-se uma oportunidade  de reintegração do conteúdo psíquico traumático e o trauma deixa de ser uma fonte de recorrência de sintomas de angústia e ansiedade sem nomeação para tornar-se um registro simbolizado do passado.

Qual seria a semelhança entre o trauma e os fósseis que encontramos incrustados nas rochas?

Assim como o trauma, os fósseis nos dão as pistas de um modo de vida de seres extintos há milhões de anos atrás. Os fósseis são os restos de animais ou vegetais que ficaram depositados intactos sobre o solo e gradativamente foram enrijecendo e fazendo parte integrante das rochas, permitindo que os paleontólogos possam hoje, através dos seus estudos, concluir sobre a história do desenvolvimento do planeta numa era em que os historiadores ainda não existiam.

O psicanalista, por sua vez, é o profissional que pode acompanhar esta busca através da interpretação dos restos mnêmicos da história do paciente, que, ao contrário dos fósseis, se mantém vivos no inconsciente produzindo efeitos atualizados como sonhos de angústia, pesadelos, atos falhos e sintomas. Em um processo psicanalítico, através da escuta cuidadosa do discurso do paciente e das interpretações e intervenções do analista, a experiência traumática pode vir a ser elaborada pelo psiquismo e deixar de se apresentar de maneira repetitiva, incompreensível e dolorosa ao paciente.

 

Catarina Rabello
Psicóloga CRP 30103/06
Atendimento a adultos, adolescentes, casais e famílias
Psicanalista membro efetivo do Departamento de Psicanálise do I. Sedes Sapientiae

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